Passeio Público de Curitiba - Em Montagem
Ontem - 1886
Fotografia
da época da primeira inauguração do Passeio Público, em 02 de maio de 1886.
Coleção Julia Wanderley. Acervo: Instituto Histórico e Geográfico do Paraná / Diretoria de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural / Fundação Cultural de Curitiba.
- Em destaque, o Boulevar 2 de Julho (atual Avenida João Gualberto) e a entrada principal do parque.
Foto
mostra o Passeio Público após a segunda inauguração, em 8 de agosto de 1886.
Coleção Julia Wanderley. Acervo: Instituto Histórico e Geográfico do Paraná / Diretoria de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural / Fundação Cultural de Curitiba.
- O destaque é dado à entrada principal, marcada por dois pilares, localizada no Boulevar 2 de Julho (atual Avenida João Gualberto).
- Logo em seguida, a ponte sobre o canal do Rio Belém. À esquerda, a casa do zelador.
Hoje - Século XXI
Cidade
de Curitiba
Paraná – Brasil
Ao
final do século XIX, durante o Império, encontramos na Província do Paraná uma pacata Curitiba, de indústria acanhada, cujo
principal produto era a erva-mate, levada em carroções para o porto de
Paranaguá e para outros países da América Latina.
Entre
1885 e 1886, a cidade possuía uma população de 15.000 habitantes, 1.286 prédios
urbanos e 15 engenhos, destes oito a vapor e sete hidráulicos.
Ainda
encontramos pela cidade ruas estreitas e enlameadas, um abastecimento de água
potável precário, levando a população a recorrer a quatro fontes, nas quais a
água era pura e cristalina, havendo, em cada uma delas, uma bica baixa.
Os
rios não estavam poluídos por detritos industriais. O maior problema enfrentado
pela cidade eram os esgotos, os alagamentos e os pântanos, decorrentes da
geografia e topografia de Curitiba.
As
águas estagnadas eram objeto de combate, pois se imaginava, nessa época, que as
doenças se formavam nos locais pestilentos e eram transmitidas através do ar.
Curitiba
só teve água encanada no século XX, quando os canos de ferro produzidos pelas
grandes cidades industriais permitiram maior acessibilidade à água e a depósito
de esgotos. Dessa forma, diferentemente de grandes cidades industriais
europeias a época, ainda não se presenciavam, na Curitiba do final do século,
máquinas e multidões.
Apesar
de suas características, Curitiba era, desde 1856, a capital da Província do Paraná.
Por isso, havia uma preocupação por parte dos governantes em atribuir um status
de capital à cidade.
A
implantação de um Jardim Botânico (Passeio Público) não pode ser entendida sem
se abordar as transformações urbanas ocorridas na Europa.
No
século XIX, as cidades passam a ser analisadas em discursos de médicos, de
engenheiros, de políticos e de outros preocupados com a recente descoberta do
meio urbano como um novo problema. Cidades europeias como Londres ou Paris, ao
receberem um grande fluxo de massas migratórias devido à Revolução Industrial e
às transformações tecnológicas, tiveram sua configuração urbana mudada.
Aglomerações, vielas sinuosas e escuras e o acúmulo da pobreza precisavam
passar por reformas, pois é uma época em que se começava a reavaliar a
importância da higiene pública.
Curitiba,
embora ainda não fosse atingida por esses tipos de miséria, tratou de seguir o
exemplo para evitar que o mesmo acontecesse. Para tanto, foram definidos novos
arruamentos, hospitais, matadouros, bem como desenhos de praças e manutenção de
áreas verdes.
Começou-se,
então, a legislar com o amparo de técnicos, transformando o aformoseamento e a
geometria em expressões muito utilizadas, bem como a estética da cidade. A
técnica era, portanto, o que solucionaria os males ao atingir a salubridade.
CRONOLOGIA
DO PARQUE
Império
Século XIX
A
criação de um Jardim Botânico ou Passeio Público data
de 1857, cuja proposta pauta-se na construção de um Horto Municipal,
pertence ao projeto de elevação do status da capital.
Em 1858, começou a história do Passeio Público.
Apenas
no ano seguinte, o dessecamento de pântanos e águas estagnadas ao redor do
Centro constituiu-se em uma preocupação oficialmente registrada, verificada no
ofício encaminhado pelo Dr. Muricy à
presidência da Província Alfredo
d’Escragnolle Taunay, alertando sobre o perigo da epidemia de colera morbus
causada pelas águas estagnadas, podendo se tornar uma epidemia.
Embora
se tenha proibido o despejo de esgotos nos pântanos, os banhados e o lamaçal
continuavam a ser o flagelo que preocupava a administração pública, a qual
acaba por contratar engenheiros para examinar as condições do terreno da
capital e as necessidades de saneamento.
Ao
diagnosticar a causa da umidade da capital proveniente da natureza pouco
permeável do subsolo e da declividade quase nula dos talvegues dos rios Ivo e
Belém, vários trabalhos de canalização são feitos dentro da cidade, porém
insuficientes para resolver o problema das regiões pantanosas de Curitiba.
Sob
o título de “Higiene
Pública”, o Jornal Dezenove de Dezembro comenta as condições da
cidade em 1885, enfatizando as características do Rio Belém:
“Desde a ponte situada no Bourlevard 2 de julho, até o tanque do
Sr. Bittencourt, o Rio Belém é muito estreito e sinuoso, de modo que
permanentemente alaga aos terrenos que estão situados em suas margens numa
grande extensão, do que resulta ficarem convertidas em brejos de águas
estagnadas, que com resíduos vegetais que ali se acumulam, e, a favor dos
fortes calores do verão, converteram-se em focos de febres malignas, paludosas
e intermitentes, ponde em verdadeiro risco as boas condições higiênicas que
deve ter a cidade”.
Além
disso, o jornal atenta para a necessidade urgente de realizar obras de
saneamento, atribuindo a essa parte central da cidade um perigo que ameaça a
saúde pública.
A Área do Parque
Na
época, o que se tornou um parque, era um grande terreno que a população
conhecia como Banhado Bittencourt.
No
terreno alagado em várzea do Rio Belém – com uma parte pertencente ao
município, outra parte desapropriada de uma viúva de sobrenome Hauer e uma terceira de uma negra que
foi escrava de Nhá Laura Borges,
chácara também conhecida como “Chácara da Glória”, construída no alto de uma
colina da qual se dominava a vista do então longínquo centro da cidade, local
onde hoje está o Colégio Estadual do Paraná. Isolada no bosque, a chácara
possuía um imenso casarão colonial e seus terrenos acabavam à margem do Tanque
do Bittencourt.
Havia
um engenho hidráulico e a residência de Caetano
Munhoz, situados no bairro Alto da Glória.
O
engenho hidráulico e a residência de Caetano
Munhoz foram arrasados por um incêndio, acabando por abalar a fortuna de
Munhoz.
A
empresa Silva e Irmãos adquire a
propriedade, reconstruindo o engenho de erva mate e vendendo sua produção à
empresa comercial uruguaia pertencente a Francisco
Fasce Fontana.
Surge Fontana
Porém,
a ervateira estava com muitas dívidas, as quais foram cobradas pessoalmente por
Francisco Fontana que passa a se
tornar sócio da então Silva, Irmãos e
Fontana.
Além
de adquirir o engenho, Francisco Fontana
fica noivo de Maria Dolores de Leão,
filha do Desembargador Ermelino de Leão.
Ao iniciar a modernização de sua fábrica para a força hidráulica, Fontana fez
centenas de tapumes encobrindo toda a propriedade.
O
noivado foi, inclusive, motivo de chacota na imprensa, pois se acreditava que o
noivo não havia feito os preparativos para o casamento.
Nas
vésperas do casamento, Fontana mandou
derrubar os tapumes da reforma de sua fábrica e a velha chácara apareceu
transformada em excelente vivenda, cercada de verde, cortada por canais
navegáveis por pequenas canoas.
O
banhado que dominava a maior parte do terreno foi transformado num dos mais
belos jardins de Curitiba da época.
Embora
o portal da nova construção tivesse causado grande impressão, maior ainda foi o
impacto de todos ao se depararem com as obras de saneamento realizadas no
terreno. O rio teve seu curso alterado, o terreno foi saneado e preparava-se o
local do futuro jardim, que mais tarde ganharia fama em Curitiba.
Nota:
- A residência de Francisco Fontana viria a ser conhecida
como "Mansão das Rosas", demolida em
1974. Algumas fotos registram membros das famílias Leão e Fontana passeando de
barco no trecho do Rio Belém que corria nos fundos do jardim.
A Ideia do Visconde
O
então Presidente da Província, Visconde
Alfredo Taunay, ao presenciar o casamento de Francisco Fontana, verificou o contraste entre o enorme terreno da
mansão de Fontana com a retificação do Rio Belém e as outras áreas próximas,
como a região pantanosa conhecida como o Banhado do Bittencourt.
O
presidente viu no ervateiro um ótimo diretor de obras para o projeto que
começava a conceber para solucionar o problema da região.
Francisco Fontana
aceitou a tarefa sabendo que o empreendimento traria benefícios para toda
aquela região (que à época já era conhecida como Glória, em função do Engenho
da Glória, de sua propriedade).
Em janeiro de 1886, com o projeto do
Passeio Público, apresentado à Câmara Municipal pelo presidente da Província,
poder-se-ia alterar o problema das regiões pantanosas de Curitiba.
Tratava-se
de um projeto para a construção de um logradouro público, a fim de urbanizar e
sanear um espaço crítico da cidade, alvo de tantas referências à incompetência
da Câmara e do poder público.
Ademais,
traria um embelezamento à cidade.
-
O Passeio Público de Curitiba foi uma iniciativa para a instalação, do
Presidente da Província (Governador), Alfredo
d'Escragnolle Taunay, para resolver os problemas de drenagem de um terreno
local, que era um banhado.
-
Foi a primeira grande obra de saneamento da cidade, transformando um charco num
espaço de lazer, com lagos, pontes e ilhas em meio ao verde.
Francisco Fontana
descreve os terrenos em que foi implantado o Passeio Público como:
“Um lugar antes ocupado por um enorme pântano que era o justo terror
da população, que via nele o foco e origem de inúmeras enfermidades malignas”.
Três
quartos dos terrenos eram de propriedade municipal, atravessados por um número
considerável de canais do rio Belém em todos os sentidos, formando uma extensão
fluvial superior a dois quilômetros.
O
antigo tanque do Bittencourt foi limpo e tanto ele como o Rio Belém foram
tornados navegáveis em mais de 600 metros de canais, “fazendo-se uso de comportas que permitem
renovar as águas constantemente”.
A
ideia era sanear e embelezar uma área alagadiça nas proximidades do Atalho da
Graciosa para evitar a proliferação de agentes vetores de doenças.
A Obra
A
obra (inicial) foi adiantada para que a inauguração do parque ocorresse ainda
no mandato de Taunay.
Para
que a obra fosse iniciada, dois baluartes e moradores da região deram uma
grande contribuição na empreitada, pois a verba municipal destinada ao projeto,
sempre discutida pelos camaristas, nunca era efetivamente disponibilizada,
assim, Ildefonso Pereira Correia e Francisco Fasce Fontana, empresários
ervateiros, abraçaram a causa.
Rio Belém
A
margem do Rio Belém ao norte do centro de Curitiba era, no Século XIX, uma área
alagada e considerada foco de doenças.
O
Rio Belém, que cortava a região, foi saneado com obras de engenharia,
transformando-se em um plácido lago, que recebeu algumas canoas para o lazer
dos curitibanos.
Por
Fontana foi delegado ao engenheiro
italiano Lazzarini (que também
trabalhou na estrada de ferro e na construção da Igreja Matriz – futura
Catedral) a tarefa de promover os melhoramentos no banhado.
Fontana,
envolvido com o projeto, injetou dinheiro do próprio bolso para que o parque se
materializasse.
Mesmo
inacabado, o parque teve boa receptividade entre a população.
Foi
batizado de “Passeio
Público”, a exemplo de muitos outros espaços feitos com o mesmo
objetivo, como os Passeios Públicos:
Vila
Bela, no Mato Grosso, criado em 1773;
Vila
Boa de Goiás, fundado em 1778;
Rio
de Janeiro, construído entre os anos de 1779 e 1883;
E
o de Salvador, datado de 1803.
Todos
foram inspirados no Passeio Público doado para a cidade de Lisboa pelo Marquês
de Pombal, em 1764.
O
Passeio Público passou a fazer divisa com o antigo Atalho da Graciosa que
também recebeu melhoramentos e passou a se chamar Boulevard 2 de Julho
(posteriormente se tornaria a Avenida João Gualberto), a Rua Fontana (atual Rua
Presidente Faria), a Rua Serrito (atual Rua Carlos Cavalcanti) e com os
terrenos de Joaquim Bittencourt e Laura Borges, a Nhá Laura.
A Valorização
Em
seu entorno foram instalados os mais exuberantes palacetes da era dos barões da
erva-mate.
De
certa forma, o Passeio acabou valorizando a região que, ao lado do Batel,
passou a reunir as residências dos cidadãos mais abastados.
Não
por acaso, a linha de bondes iniciava no Engenho do Barão do Serro Azul, no
Batel, passava pelo centro da cidade e acabava em frente ao Engenho da Glória,
alguns metros depois da entrada do Passeio.
Segundo
o historiador Magnus Pereira, a
diversidade e exuberância da vegetação do Passeio foi uma forma dos ervateiros
criarem um ambiente que se diferenciasse do “caótico mato que envolvia a cidade”.
Fontana
foi escolhido como o primeiro administrador do parque, mas ao contrário do que
ele provavelmente desejava, sua gestão durou pouco.
Primeira Inauguração do Passeio
Em 02 de maio de 1886, domingo, às três horas
da tarde, pelo presidente da província Alfredo
D’Escragnole Taunay e pelo comendador Francisco
Face Fontana, o Passeio Público
era inaugurado. Surgido de necessidades sanitaristas a população da capital
ganhou o seu primeiro parque público, sendo Francisco Fasce Fontana nomeado seu Diretor.
A
Gazeta Paranaense, de Romário Martins,
na edição do dia, pormenorizou o que representou a inauguração do Passeio
Público para o povo da cidade.
Muitas
foram as pessoas curiosas para conhecer o primeiro parque da cidade e, segundo
o Jornal Gazeta Paranaense:
“(...) [não] houve dúvida, quem intimamente não elogiasse o
administrador da Província pelo benefício que fez a essa capital. (...) a festa
esteve animadíssima e a tarde esplêndida”.
Também
não faltaram elogios à administração pública e associou-se a construção do
Passeio a um serviço de higiene pública, pois acreditou-se substituir “um foco de
infecção, um centro de miasmas pestilênciais por logradouro, o mais possível a
saúde geral, pela condensação de vegetação e escoamento regular das águas”.
A
partir de sua inauguração, o Passeio se tornou o mais tradicional ponto de
encontro dos curitibanos, cumprindo integralmente a sua finalidade.
Passou
por várias transformações ao longo do tempo, tendo sido conhecido inicialmente
como Jardim Botânico.
Em 03 de maio de 1886, dia seguinte, o
presidente da província Visconde de
Taunay entregou o cargo e seu sucessor, Joaquim Faria Sobrinho.
O
novo presidente da província, arcou com as despesas para finalizar e corrigir
os defeitos decorrentes da pressa.
Segunda Inauguração do Passeio
Em 08 de agosto de 1886, e talvez até mesmo por
vaidade, Joaquim Faria Sobrinho
reinaugurou o local.
O
engenheiro responsável foi João
Lazzarini, que lealmente iniciou e finalizou o projeto.
Francisco Fontana,
além de doar o terreno, que na realidade não era seu, foi o primeiro
administrador do "Passeio
Público".
O Aumento de Área
Devido
a quantidade de visitantes, o parque que tinha apenas 600 m² precisou ser
ampliado. Para isso a Chácara Nhá Laura Borges (hoje essa chácara dá
lugar ao Colégio Estadual do Paraná, separado do Passeio Público pela Rua Luíz
Leão).
Em 1887, a propriedade foi desapropriada, o que
segundo Cid Destefani causou grande incomodo.
“[...] a proprietária exigia, na época, o preço de seis contos de
réis por aquela terra, enquanto o governo achava demasiado, surgindo então um
processo judicial volumoso e demorado, tendo finalmente pago o real valor
levantado por avaliação.” (DESTEFANI, O Estado do Paraná, 1978)
Os Lampiões
Em 02 de julho de 1887, ali foram inaugurados
08 lampiões a gasolina, mais tarde aumentados para 17, doados pelo comércio e a
indústria da cidade.
Luz Elétrica
Em 19 de dezembro de 1887, na comemoração do 33°
Aniversário da Província do Paraná, ali brilhou pela primeira vez na noite
curitibana uma lâmpada incandescente de luz elétrica, em concorrida
demonstração realizada pelo alemão Schewing que, auxiliado pelo engenheiro
Lazzarinni, um dos construtores da Catedral, instalou um gerador para informar
a Província do mais novo prodígio da ciência moderna.
Nota:
- A luz elétrica definitiva só veio
dois anos mais tarde, quando a companhia de energia elétrica iniciou as
operações.
O Carrossel
Em 1888, Curitiba ganha o primeiro carrossel da
cidade. Entendia Francisco Fontana
que os lazeres e serviços oferecidos deveriam ser cobrados e, dessa forma ele
conduziu os negócios, até a instalação do carrossel, também conhecido como a “Elegante Máquina
de Cavalinhos”.
O
alvoroço provocado pelo carrossel na população pelo mecanismo foi tão intenso,
que Fontana criou regras e aumentou os preços para o uso da máquina. Houve
desconforto popular.
Revolta Popular
No
entendimento da pesquisadora Cassiana
Lícia Lacerda, “essa máquina, certamente, proporcionava um sentimento de
conquista povoando o imaginário dos adultos e das crianças, causando até certo
tumulto”.
Nesse
mesmo ano, ocorre a desapropriação da Chácara de Nhá Laura – onde hoje é o Colégio Estadual do Paraná.
Fim da Monarquia
A
pacata Curitiba de 1889, não parece combinar com o cenário sugerido pelos
relatos da Curitiba antiga, a Corte no Rio de Janeiro e os bastidores de todo o
Brasil atravessava uma turbulência política gerada pela iminência da República.
República
Em 1889, é dado um golpe na Corte no Rio de
Janeiro, vem a república, a Família Imperial é exilada, Curitiba terá que se
adaptar com a novidade política.
Francisco Fontana,
que possuía inegáveis vínculos com a monarquia, resolveu se afastar da direção
do Passeio Público que, no decorrer dos anos seguintes, passou por inúmeras
transformações.
As
mudanças políticas diminuíram as verbas destinadas ao Passeio.
Mudanças com o Regime
Fontana
ficou contrariado, pois teve de bancar a custas da manutenção do local (como já
havia feito por ocasião das obras iniciais de saneamento).
A
situação que realmente o deixou furioso aconteceu quando fiscais da
administração pública foram lhe cobrar recibos e notas fiscais das obras que
ele mesmo estava pagando.
Isso
o tirou do sério a tal ponto que ele fechou os portões do Passeio em
represália.
Portões Fechados do Passeio O Balão
Diante
dos portões fechados do Passeio Público, os populares quase promoveram uma revolta
armada.
O
povo em massa invadiu o parque numa clara demonstração de que aquele espaço era
de todos, era “res”
pública.
Os
últimos trabalhos de Francisco Fontana
como Diretor do Passeio Público, alteraram ainda mais as características do Rio
Belém:
-
O levantamento com aterro feito nas margens e a colocação de 230 metros de cano
de cimento para esgoto das águas das chuvas.
-
Além disso, o grande lago foi ampliado e escavado, e também foi construído um
novo açude no limite da Chácara Bittencourt, dotado de duas comportas de um
sistema de renovação das águas.
-
O novo açude também recebeu uma ilha arborizada e adornada em seu centro.
-
A Rua Serrito (atual Carlos Cavalcanti) também sofreu alterações, quando uma
vertente de água potável que estava abandonada nessa rua recebeu canalização e
se posicionou um chafariz no lado externo do Passeio.
Apesar
dos muitos investimentos, as tensões políticas e a falta de recursos levaram a
certa decadência do logradouro no final do século XIX, mas nem por isso o local
deixou de ser o lazer favorito da população, com grande movimentação aos fins
de semana.
Século XX
Curitiba,
no início do século XX, conta com uma população de cerca de 60 mil habitantes.
O
Almanhach do Paraná, datado de 1900, publica um texto de Sebastião Paraná, o qual traça um panorama da cidade:
“A bela Capital do Paraná é iluminada a luz elétrica e percorrida
por bondes da Companhia Ferro-Carril Curitibana. Uma rede telefônica facilita
as comunicações. É atravessada pelos riachos Ivo e Belém, que também contribuem
para a formação do Rio Iguaçu. O Belém serpenteia hoje através do Passeio
Público que é um dos principais ornamentos”.
Depois
da virada do século, o parque viveu momentos de abandono por parte do governo,
como o jornal “O
Dezenove de Novembro” havia perguntando em uma reportagem:
“Haverão meios para a conservação desse útil logradouro público?”
Várias
dívidas ficaram pendentes devido a construção do Passeio Público, porém a
população continuou a frequenta-lo.
Em 1903, Arthur
Dias descreve a Curitiba, traçando um panorama positivo da cidade,
especialmente a respeito do Passeio:
“(...) onde o riozinho Belém capricha numa das curvas todas
graciosas (...) e não teve que ser incomodado no seu curso, mas decorado e
alinhado com leves pontes rústicas e outras fantasias da arquitetura
paisagística (...)”.
-
Arthur Dias atribui a este
logradouro como sendo um dos mais lindos das cidades do sul, embora o ache um
pouco descuidado.
A
visão romanceada de Dias não
corresponde à tônica da descrição da Curitiba do início do século, na qual
estava presente a crítica à administração municipal, cujo descaso dava a cidade
um aspecto desolador devido à iluminação pública precária, ruas por calçar,
falta de serviço de limpeza pública regular, passeios por construir e muita
lama.
Em 1908, o prefeito de Curitiba chama a atenção
do Presidente de Estado para “a necessidade de rebaixar o Rio Belém até a barra do Iguaçu
para dar escoamento às águas que em tempos de chuva alagam essa cidade”.
O Balão
Em 1909, vendo que o parque era bastante
movimentado, a espanhola Maria Aída
decidiu que aquele seria seu palco. A balonista prometia que iria fazer
exercícios ginásticos e ainda iria voar em um balão.
Mas
esse seria um evento pago. Arquibancadas foram montadas e todos que queriam ver
a aventureira de perto teriam que pagar um mil contos de réis. O jornal “Diário da Tarde”
publicou uma nota um dia antes da apresentação:
“A aeronauta Maria Aída
discípula e esposa do capitão Magalhães
Costa, fará amanhã uma acessão, no bosque do Passeio Público, às três horas
da tarde. D. Maria Aída subirá em seu balão Granada sem barquinha, apoiada a um
trapézio, no qual executará exercícios ginásticos. As manobras para encher o
balão são interessantes e começarão às duas horas da tarde. A entrada no
passeio para assistência custa (sic) 1$000.” (DIÁRIO DA TARDE, apud LACERDA,
2001, p. 95)
Em 21 de abril de 1909, a balonista conseguiu
cumprir o que havia prometido há semanas. Muitos curitibanos pagaram e foram
ver de perto o que Maria Aída iria
fazer.
Porém,
ao contrário de todas as expectativas, a aventureira não conseguiu levantar
voo. A população, indignada, gritava “larga tudo!” (LACERDA, 2001, p. 95).
-
Quanto Maria Aída, ela não desistiu.
Remarcou o evento para o próximo domingo, mas também não foi bem sucedida.
Levantou
voo, porém não foi muito longe.
Após
34 minutos no ar e ao atingir a altura de 970 metros, o Granada aterrizou
desastradamente no telhado da Igreja Matriz (atual Catedral Basílica de
Curitiba), que fica em frente a Praça Tiradentes, há poucos metros do Passeio
Público. Quando encostou na igreja, ela ficou presa no lanternim. Depois de
socorrida, foi aplaudida pelo público.
O Príncipe dos Poetas
Em 20 de agosto de 1911, o Passeio teve ares
intelectuais, no fervor do helenismo, Curitiba coroou Emiliano Perneta como o "Príncipe dos Poetas Paranaenses".
Ele
se negou a ir até uma das ilhas de barco – não achava seguro.
A
ilha, chamada de Ilusão, recebe este nome em referência a uma das obras de
Perneta.
Lá,
jaz o seu busto.
Queixas
Ao
Passeio Público, as principais queixas estavam nas pontes destruídas, árvores
maltratadas, alamedas esburacadas, sem muro nem cerca, protegidas apenas por um
fosso de um lado e do rio pelo outro.
O
Prefeito Cândido de Abreu foi o
gestor que deu ao Passeio a devida atenção ao reformá-lo e dotá-lo de muitos
benefícios que alinham tendências da época no que se refere ao lazer,
arquitetura e paisagismo.
Mesmo
com todas as obras feitas, o problema que o Rio Belém representava para a
cidade não foi solucionado.
Os Portões do Passeio
O
parque mais antigo da cidade tem um portal que faz jus ao seu título, que chama
a atenção de quem passa próximo ao local. O Passeio é de 1886, mas seu portal
só foi construído 24 anos depois.
O
conhecido portão de entrada do Passeio Público não foi construído, na
inauguração do parque. Ele data de 1916.
O
intendente (prefeito) Cândido de Abreu
queria realizar uma grande reforma no parque (a maior até então) e ordenou a
construção do portão para marcar a entrada do Passeio.
A
revista A Ilustração Brasileira havia publicado, em uma de suas edições, um
desenho de um portão de entrada, em estilo art-nouveau, indicado como sendo do
Cemitério de Cães d’Asnières, que fica próximo a Paris.
O
monumento encantara o então intendente (prefeito da cidade), o engenheiro Cândido de Abreu.
Esse
modelo foi escolhido para inspirar o portão de entrada do Passeio Público e foi
assim que o Cemitério de Cães francês ingressou na história de Curitiba.
O
projeto é composto por três entradas, a principal, mais larga e mais alta e
outras duas, uma de cada lado, menores. O portão central era destinado à
entrada de veículos e os laterais para pedestres. A construção é um grande
exemplo do movimento art nouveau em Curitiba.
Portão do Cemitério de Cães d’Asnières - França
Art Nouveau
- Do
Francês “Arte
Nova”. Tem como características principais os padrões decorativos “whiplash”,
linhas dinâmicas, formas ondulantes, fluídas e sincopadas.
Em 1912, ao ser convidado pelo então prefeito Cândido de Abreu para realizar uma
reforma no Passeio Público, o experiente arquiteto Joseph Antoine Bouvard fez o que o intendente pediu, usou como
portão de entrada do parque o antigo desenho utilizado no projeto do cemitério
de cães (Cemitière de Chiens), em Paris.
Bouvard
trabalhou nas obras de Sena (França) por isso é atribuído a ele a construção
desse portal na capital francesa. Os dois portais são muito parecidos e de
acordo com Cassiana, o único
elemento que os diferencia são as estátuas de cães ausentes no portal do parque
em Curitiba. (LACERDA, 2001, p. 132).
-
Esta obra foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná no ano de
1974.
Em 1915, a construção foi projetada pelo
arquiteto francês Joseph Antoine Bouvard.
No
Passeio, é possível ver esse tipo de arte haussmmaniano na cerca que contorna o
parque (feita de cimento, mas que imita troncos de árvores), nas grutas (uma
delas feita semelhante a estalactites) e no antigo coreto, que imitava
rochedos.
O Engenho
Em 1916, o prefeito Coronel Luís Antonio Xavier desapropriou o engenho Bittencourt, anexando
sua área e o tanque ao Passeio Público.
A
desapropriação do engenho foi justificada pela necessidade de terminar as obras
que estavam sendo executadas no Passeio, as quais estavam expostas e poderiam
ser abaladas ou destruídas em virtude de enchentes ocasionadas pelos intensos
temporais.
O
tanque era tido como imprescindível para complementar as obras.
Em 1916, parte do terreno da Chácara e Engenho
integrados ao Passeio Público foram doados pelo município, para a construção da
sede do Círculo Militar.
Em 1920, é inaugurado um novo Passeio Público,
concebido pelo arquiteto Joseph Antoine
Bouvard, com jardins de padrões hausmmannianos e com o portão semelhante ao
do Cemitério de Cães de Paris.
O Zoológico
Em 1932, os animais começaram a chegar ao
Passeio, transformando-o num pequeno zoológico, o primeiro da capital
paranaense.
Na
época, surgiu uma superstição dos curitibanos que cisnes dariam azar, com isso,
várias aves foram abandonadas ali.
“Daí em diante vieram araras, papagaios, macacos e a fauna começou
a crescer”. (OLIVEIRA, 1985)
Chegou
a ficar pequeno de tanto bicho:
-
Onças, tigres, leões, jacarés, girafas, zebras, posteriormente transferidos
para o zoológico.
Nota:
- Não dá para falar da história do
Zoológico sem falar da história do Passeio Público e do Parque Regional do
Iguaçu.
Após a inauguração em 1886, um
pouco mais tarde, o Passeio Público recebeu alguns animais e se tornou o
primeiro zoológico da cidade. Com o tempo o local ficou saturado, abrigando os
animais em condições deficientes. Era necessário construir um novo zoológico.
Em 1975, o então prefeito Jaime Lerner desapropriou uma área de
mais de 150 mil metros quadrados anexa ao Parque Municipal da Barreirinha, que junto
com esse terreno passaria a ter 450 mil metros quadrados de área verde. Como
havia uma grande preocupação com os alojamentos.
O
viveiro dos macacos,tinha até lambrequins.
Parque Infantil
Em 1935, o primeiro Parque Infantil de Curitiba,
construído pelo arquiteto Frederico
Kirchgässner foi inaugurado, assim como o Restaurante do Estudante.
Canalização
Desta
década também começou a canalização do Rio Belém, que só foi finalizado quase
trinta anos depois.
Coreto
O
coreto estava presente desde a inauguração do parque.
Em
1941, teve o telhado totalmente reformado.
No
lugar, foi construído um teto plano.
Pavilhão de Madeira
O
Pavilhão de Madeira, implantado durante o primeiro governo de Moisés Lupion, em 1950, que servia como
bar, foi totalmente transformado em restaurante que agora tinha o nome de Restaurante do Estudante.
Em 1956, devido a um incêndio, mudou para Recreio do Garoto, que quase trinta
anos depois veio a ser o Bar Lá no
Pasquale, que foi quando o local foi mais frequentado, principalmente por
intelectuais.
Nessa
época o proprietário era João de
Pasquale.
Nessa
época os barcos perderam espaço para os pedalinhos.
Revitalização do Passeio
Em 1960, o Passeio Público recebeu a maior
revitalização já vista até então.
Devido
ao Plano Diretor da época, foi
proibida a circulação de automóveis dentro do parque, a canalização,
-
Assim como a cimentação do Rio Belém, foram concluídas.
-
O parque infantil foi remodelado,
-
Os banheiros foram construídos.
-
As trilhas do Passeio foram pavimentadas,
-
O parque recebeu novas redes de iluminação,
-
O restaurante foi reformado,
-
Assim como a Ilha da Ilusão, além da elaboração da Ilha dos Macacos.
Entre 1965 a 1966, o Passeio sofreu
intervenção de caráter significativo: a implantação do plano para o Passeio
Público elaborado pelo IPPUC. A partir daí, veículos não circularam mais pelo
parque.
A Última Década de Ouro
A década de 1970, foi a última década do auge do logradouro. O Passeio Público
era tomado por uma magia: a dos encontros. O parque era o ponto principal de
reunião dos curitibanos nos finais de semana, como noticiava o jornal Gazeta do
Povo noticiava:
Para
centenas de curitibanos, e aí está incluída a maioria da nossa população
situada na faixa etária abaixo de dez anos, a chegada do domingo, principalmente nas manhãs de sol,
significa um dia de festa e confraternização no Passeio Público. Uma manhã no
Passeio Público é uma tradição que se renova, sistemática e naturalmente,
envolvendo gerações de curitibanos. (GAZETA DO POVO, 1974).
O Lago
Na década de 1970, com a concretagem do
lago e a canalização do Rio Belém na Rua Ivo Leão, o lago passou a ser
alimentado por água de poços artesianos.
A Praia
Nos anos de 1970, o Passeio Público já
foi considerado a “Praia da Capital Paranaense”.
Nota:
- Em análise de conteúdo de
recortes de jornais dos anos de 1970, quando foi o auge do Passeio Público.
Na década de 1970, os portões foram
reconhecidos e tombados. Só um deles é semelhante ao Cemitério de Cães de Paris
(Cemitière des Chiens de Asnière-Sur-Seine).
Novos Parques
Em 1972, o Passeio Público teve seu auge até o
surgimento de novos parques, com a inauguração do Parque Barigüi e o Parque da
Barreirinha.
Deste
ponto em diante o movimento começou a cair. Com a implementação desses parques
próximos aos bairros, a população deixava de ir ao Centro de Curitiba para
apreciar o Passeio.
Em 1973, de 1876 a 1973, o Passeio Público foi o único parque público da cidade.
Em 1974, o portal concebido por Antoine J. Bouvard foi tombado
considerado Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Estado.
A Catraca
Em 1977, uma notícia indignou os curitibanos.
Havia sido aprovado pela Câmera que fossem colocadas catracas no parque,
cobrando um taxa de entrada, motivo que poderia ter desestimulado as pessoas em
ir no Passeio Público. A população reivindicou e o ingresso ao Passeio Público
continuou a ser gratuito.
No final dessa década de 1970, o programa
social Animação da Cidade levava todos os domingos "bandas regionais, grupos de artistas, de
samba, teatro infantil, espetáculos circenses. Aos sábados pela manhã, o Bar Lá
no Pasquale era o ponto de encontro favorito dos políticos e
intelectuais." (LACERDA, 2001, p. 145).
O Fim do Zoológico
Em 1982, o Zoológico com os animais de grande
porte, como o leão, foram retirados do Passeio Público, e levados para o Parque
Iguaçu, que se tornou o novo zoológico da capital, com espaço ampliado e
maiores acomodações para a fauna que até então habitava o Passeio Público.
Alguns animais, como macacos e aves, ainda residam no parque do Centro de
Curitiba.
Nota:
- Atualmente (2017), no Passeio
funciona a sede do Departamento de Proteção e Conservação da Fauna e abriga os
pequenos animais que permaneceram.
Em 1984, todo o Passeio Público é tombado pelo
Estado pela importância de sua natureza e arquitetura.
Centenário do Passeio
Em 1986, ano do Centenário do Passeio Público.
Fim do Palco Flutuante
Em 1986, o palco flutuante não era mais
utilizado.
Foi
implantado um projeto visando a reutilização da estrutura, que se tornou um
chafariz.
Com
a função de repuxo, ele recicla e oxigena a água do lago, melhorando sua
transparência, que até então era prejudicada pelas algas ali existentes.
Fim do Pasquale
Em 1996, também foi o último ano do “Lá no Pasquale”. A Família Pasquale deixava o Recreio do
Garoto. Susan de Pasquale, filha de Isaura, conta que o contrato deles era
por tempo indeterminado
e enquanto o Pasquale fizesse
as reformas necessárias, eles não
pagariam aluguel.
O
prefeito, Roberto Requião, afirmou a
eles que a concessão sobre o restaurante teria terminado e os retirou de
lá. Isaura ainda afirma que “agora o Passeio
está morto e se eu pudesse pegar o restaurante novamente, eu iria correndo e
cuidaria de lá.” (PASQUALE, 2013).
A partir 1998, o Bar Lá no Pasquale passou a ser
o Restaurante do Passeio. (LACERDA,
2001, p. 143-160).
O Aquário
Em 1999, aproveitando a estrutura do coreto, foi
inaugurado o aquário com peixes ornamentais.
Tombamento do Passeio
Em 08 de novembro de 1999, o Passeio Público é tombado pelo Estado como patrimônio histórico,
por conta da importância de sua natureza local e também da arquitetura que o
preenche.
Por
isso, qualquer reforma e intervenção deve passar pela curadoria do Patrimônio
Histórico do Paraná.
Século XXI
Decadência
De 2002 a 2012, focando também nos dias de hoje na
sua decadência.
Módulo Policial
No ano 2000, foi implantado o módulo policial
próximo à entrada pela Rua Conselheiro Araújo.
Em 2002, uma notícia publicada pelo Estado do
Paraná conta que há falta de segurança no parque. Com a reportagem intitulada “Pipoqueiros do
Passeio Público pedem segurança”.
Em 2004, começaram várias tentativas de chamar
atenção dos curitibanos para o parque. Os alunos do Colégio Estadual do Paraná
tentaram atrair mais pessoas ao Passeio Público, porque, segundo a reportagem,
há um “sentimento
de abandono” no parque. (OLIVEIRA, Rosângela, 2004, p. 18).
Em 2004, o programa Comunidade Participativa trouxe atividades para o Passeio como
pintura infantil, dança, exames e entre outros, com o objetivo de “ampliar número de
visitantes do espaço, que é um
dos mais
tradicionais da cidade” (O ESTADO
DO PARANÁ, 2004, p. 20).
Em 2007, os moradores dos arredores do parque
tentaram “recuperar
a imagem do parque como espaço de lazer seguro” (RIBEIRO, Denise,
2007). Tentativa, que não trouxe resultado positivo.
Em 2008, a Gazeta do Povo publicou uma
entrevista não diretiva realizada no dia 14 de agosto de 2013.
A Comunidade
Participativa junta a Prefeitura e a população com o objetivo de melhorar a
qualidade de vida e a propagar a cultura para os habitantes da cidade.
Em julho de 2010, com a reinauguração do
parquinho das crianças, foi instalada uma réplica metálica do Balão Granada, com altura de 5,39
metros, que é uma referência ao balão de Maria
Ainda (1909).
Entre 2011 e 2012, Alfredo Trindade, superintendente de Obras e Serviços da Secretaria
do Meio Ambiente e diretor do parque, conta que o parque, por sua localização,
acaba sendo a “sala
de estar” de quem vai ao Hospital de Clínicas.
Além
disso, tem uma das melhores pistas de corrida – totalmente plana.
Em
contrapartida, o tráfego intenso dos carros danificou parte das cercas,
construídas no estilo Haussmanniano, caracterizado por replicar paisagens
naturais por meio de intervenções artificiais.
Em 2013, no começo do ano, iniciou um projeto de
reocupação do Passeio Público através das redes sociais com o grupo “O Passeio Público
é Nosso!” criado no Facebook pelo ator e diretor de teatro, Enéas Lour, o colunista Dante Mendonça e Luiz Roberto Bruel, com intuito de motivar a população curitibana a
ocupar o seu espaço de lazer central.
Segundo
Mendonça, o real objetivo é "a reocupação
do Passeio não no sentido de mudar o povo, [...] mas sim chamar a atenção para
que ele fosse revitalizado, (porque o local) não pode mais viver como se fosse
uma gaiola de animais". Para isso, movimento realiza eventos no
parque, como a “Virada
Cultural” e a “Regata de Pedalinhos”.
Além
disso, sugere que seja criado dentro do parque: - livrarias, confeitarias e
bistrôs. Esse projeto continuou em andamento até o termino desse trabalho.
A
Gazeta do Povo aderiu ao projeto e criou um editorial em seu jornal com o
título “ocupe o
Passeio Público”.
Em 28 de Abril de 2013, foi realizado o
evento, onde os mais variados cachorros-quentes eram vendidos e também foi
realizado a corrida de pedalinhos.
Drogas e Prostituição
No dia 14 de agosto de 2013, reportagem intitulada “Mancha no
cartão-postal”, referindo-se aos usuários de drogas, prostitutas e a
sujeira no lago. A mesma critica persistiu até 2012, quando outra notícia
publicada pelo mesmo jornal intitulada de “Sexo e Drogas mancham o Passeio Público”.
Nela,
André Simões afirma que quando os
portões se fecham a situação piora e o lugar se transforma num ponto de
prostituição e venda de drogas. O
jornalista ainda destaca que mesmo com a Guarda
Municipal ao lado de fora do parque, os marginais não ficam inibidos e
continuam frequentando o local.
Mas
a importância histórica do espaço destoa de sua realidade: - hoje, o parque é
ponto de tolerância para prostituição e consumo de drogas, principalmente no
período do começo da noite até o fechamento dos portões, às 20 horas.
A
presença de um módulo policial, dentro do Passeio desde 1997, e a sede da
Guarda Municipal logo ali, do lado de fora das grades do parque, não inibem
essas atividades. (SIMÕES, André, 2012, p. 9)
Fim da Cronologia
O Passeio Ainda é do Público
Ainda não há registros em livros sobre o Passeio a partir de 2001. Esse começo de século a história
do Passeio Público de Curitiba está somente na memória dos visitantes e nos
jornais.
Cimetière des Chiens
Marguerite
Durand
O
Século XIX presenciou uma mudança, para melhor, na forma como o ser humano tratava
os animais. A primeira Sociedade de Proteção aos Animais surgiu na Inglaterra
em 1824 e logo elas se espalhariam pelo mundo. No final do século, a atriz
francesa e ativista pelo voto feminino Marguerite Durand (foto) uniu-se ao
advogado Georges Harmois para fundar a sociedade que, em 1899, inaugurou aquele
que é considerado o primeiro cemitério de animais do mundo.
O
Cimetière des Chiens (Cemitério de Cães), na verdade, não fica em Paris, mas
sim em Asnières-sur-Seine, cidade na região metropolitana a noroeste da capital
francesa, na margem esquerda do Rio Sena, hoje com 83.300 habitantes. Vincent
Van Gogh retratou em suas pinturas diversas paisagens de Asnières-sur-Seine.
Durand e Harmois adquiriram do Barão de Bosmolet o terreno para a construção do
cemitério, que também não é só de cães: os mais de cem mil animais lá
sepultados incluem também gatos, aves, cavalos, macacos, tartarugas, gazelas,
porquinhos-da-índia e até peixes.
O
portão de entrada do Cemitério de Cães foi projetado por Eugène Petit,
arquiteto parisiense conhecido por diversas obras na capital francesa no Século
XIX. Ele foi o responsável pelo desenho que inspirou o nosso Passeio Público. O
portão foi reformado em 2001, para devolver-lhe as características originais.
Monumento
a BarryDiversos monumentos ornamentam o Cemitério de Cães de
Asnières-sur-Seine. O primeiro deles, inaugurado em 1900 (foto), homenageia
Barry, um cão da raça são-bernardo que morreu em 1814 após salvar quarenta
pessoas isoladas pela neve nas montanhas. Em 1912, foi inaugurado o monumento
aos cães policiais mortos em ação. Nele estão sepultados diversos cães, alguns
condecorados e com anos de serviço.
Ao
lado do monumento a Barry, encontra-se a placa em homenagem a Moustache
(“Bigode”, em francês), o cão mascote do Exército de Napoleão entre os anos de
1799 e 1811. Moustache acompanhou os veteranos e chegou a ser apresentado a
Bonaparte. Diz a História que Moustache apresentou sua saudação militar ao
imperador, levantando a pata à altura das orelhas.
Túmulo
de Rin Tin TinComo nos cemitérios humanos, existem em Asnières túmulos
ornamentados com esculturas ao lado de outros mais simples. Diversos animais
ilustres podem ser encontrados nas sepulturas do Cemitério. Rin Tin Tin, o
astro do cinema (que era francês), foi sepultado em Asnières-sur-Seine (foto ao
lado), assim como os cães de estimação das princesas Lobanoff, da Rússia, e
Elizabeth, da Romênia. Cães das trincheiras da Primeira Guerra Mundial e o
próprio cavalo da fundadora do Cemitério, Marguerite Durand, de nome Masserau
(foto abaixo), são outros animais ali sepultados.
Mas
não apenas sepulturas de animais famosos podem ser encontradas no Cemitério de
Asnières-sur-Seine. As histórias se multiplicam quando se trata dos animais
menos conhecidos, como o cão Loulou, que salvou uma criança de afogar-se em
1895. Loulou tinha na ocasião apenas nove meses de idade e problemas em uma das
patas. A mãe do menino fez o túmulo para homenagear o cachorro herói.
Cavalo
de Marguerite DurandE as histórias não param por aí… Em 1958, um cão anônimo
veio morrer junto ao portão de entrada do Cemitério (o mesmo que inspirou o
nosso Passeio Público). Ganhou um monumento; ele foi o 40.000º
(quadragésimo-milésimo) animal a ser sepultado no Cemitério de Cães.
Assim
como o nosso Passeio Público, o Cemitério de Cães de Asnières-sur-Seine também
passou por fases difíceis. Em um momento de crise em 1986, seus diretores
chegaram a anunciar seu fechamento. O governo local, porém, interveio e
conseguiu o tombamento do cemitério em 1987. Desde 1997, o Cemitério de Cães é
administrado pela Prefeitura de Asnières-sur-Seine.
Cemitério
de Cães de Asnières-sur-SeineSe você for à França, o Cemitério de Cães (4, pont
de Clichy, Asnières-sur-Seine) abre diariamente, exceto às segundas-feiras, das
10 horas às 16h30 (no verão, o horário se estende até às 18 horas). O cemitério
fecha nos feriados, exceto no dia primeiro de novembro. O ingresso custa 3,50
euros, crianças de seis a doze anos pagam 1,50 e menores de seis anos não
pagam. Os visitantes recebem ao entrar um mapa impresso do cemitério, que pode
também ser baixado no site da Prefeitura de Asnières-sur-Seine.
Novo Projeto para o Passeio
O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (Ippuc) apresentou nessa semana, em audiência pública na Câmara
Municipal de Curitiba, o novo projeto para a revitalização do Passeio Público,
primeiro parque da cidade. O trabalho, assinado pelo arquiteto Reginaldo
Reinert, tem a finalidade de aumentar a segurança do local, resgatar sua
importância histórica e diversificar as atividades e atrações oferecidas.
Segundo instituto, o projeto deve passar por
adequações em virtude de eventuais sugestões feitas pelas população e,
posteriormente, serão buscados os recursos para a viabilização do projeto. O
órgão municipal diz ainda que não há data prevista para elaboração dos projetos
executivos e complementares, nem para o início das obras.
O projeto original prevê uma grande área destinada
às crianças, com instalação de playground e jogo interativo pelo qual serão
apresentadas a geografia e a história de Curitiba. A partir do antigo portal de
entrada do Passeio, o piso será todo refeito com uma brincadeira temática. Além
disso, está prevista a realização de atividades de pintura e desenho para o
público infantil, aos sábados.
Na área central, será implantado o Jardim das Cores,
formado por alamedas repletas de canteiros multicoloridos, preenchidos com
flores da estação.
Ainda será instalada uma Praça da Música, com a reforma do palco flutuante, para a apresentação de concertos e outros espetáculos.
O projeto também contempla a criação de uma área permanente de exposições, onde serão exibidas fotografias e obras de artistas plásticos.
Ainda será instalada uma Praça da Música, com a reforma do palco flutuante, para a apresentação de concertos e outros espetáculos.
O projeto também contempla a criação de uma área permanente de exposições, onde serão exibidas fotografias e obras de artistas plásticos.
Também está prevista a instalação da Alameda dos Enxadristas para privilegiar os jogadores de dama e xadrez. Nesse local, prevê-se a exposição permanente das peças de um grande jogo de xadrez criado pelo artista plástico Juarez Machado, que devem ser restauradas.
O viveiro de pássaros e quelônios será revitalizado,
assim como o espaço destinado à feira de produtos orgânicos, que será ampliado
e equipado com pontos de água e luz, além de proteção contra a chuva na frente
das barracas.
O projeto de paisagismo também prevê um novo espelho d''água.
O projeto de paisagismo também prevê um novo espelho d''água.
Equipamentos Públicos
Ainda entre as intervenções propostas, está a
consolidação de duas ciclovias, uma externa e já existente, e outra interna, a
ser implantada, ao lado da pista de caminhada, com 3,5 metros de largura cada.
Para aumentar a área de circulação de pedestres e ciclistas, o tráfego de
veículos no local será limitado a um local em específico para carga e descarga,
bem como para o estacionamento de ônibus escolares. A área destinada ao aluguel
de bicicletas será mantida e poderá oferecer outros serviços.
Os postos da Polícia Militar e da Guarda Municipal
serão deslocados para a área externa, eliminando a circulação interna de
viaturas e reforçando as ações preventivas. Também será instalada uma torre de
observação na parte central do parque, facilitando o monitoramento. A praça de
alimentação será reformulada para atender diversos públicos, além de pratos da
culinária regional.
Portal do Passeio Público
Além do parque em si, o Portal também é tombado pelo
Estado
Estrutura do Passeio Público
O Passeio Público ocupa 69.285 m² da área Central de
Curitiba e é considerado um dos mais importantes símbolos da capital
paranaense, com uma grande área verde em plena área urbana, espécies da fauna e
flora nativas e algumas espécies estrangeiras.
O parque é formado por diversos lagos e ilhotas, das
quais se destaca a Ilha da Ilusão
É o parque mais central da cidade, com implantação e
equipamentos em torno do verde de diversas espécies nativas e exóticas. Ciprestes
centenários se harmonizam às paineiras e jacarandás mimosos, abrigando sob sua
copa a vivência de sabiás, tico-ticos e canários-da-terra. Também há
coleirinhas, chupins, pica-paus, sanhaços, pombos e majestosas garças brancas
em desfile pelo lago.
Ilhas
Ilhas e pontes interrompem as aléias, capturando o olhar
e os passos do caminhante.
Os seus três lagos. É possível passear em um deles
de pedalinho e há algumas pontes e travessias para auxiliar no caminho ao
restaurante ou a outros pontos do parque.
Ilha da Ilusão
Ilha dos Amores
Uma construção artificial feita de pedras.
Ali também foi criado o primeiro Parque Infantil,
com projeto do arquiteto Frederico
Kirchgässner.
Ponte Pênsil
A ponte pênsil, que liga a área central do parque à
Ilha da Ilusão.
Em metal e com amarras, ela vem de um projeto
inglês.
Ponte de Pedras
Outra ponte é a de pedra, uma construção original,
próxima a chamada Ilha dos Amores.
Terrário
O Terrário que, numa área de 156 m2, abriga 40
animais, entre serpentes e lagartos de espécies exóticas e raras, vindas de
diversas partes do mundo.
Em meio aos répteis, o tratador de animais Dionor de Paula sente-se à vontade.
Afinal, são 28 anos trabalhando com animais, principalmente os exóticos. Há 10, ele cuida exclusivamente das cobras do serpentário do Passeio Público. O que inclui uma imensa jiboia, cascavéis e jararacas. Pode-se dizer que o cuidado com os animais está no sangue. Afinal, seu pai foi tratador no mesmo lugar.
Afinal, são 28 anos trabalhando com animais, principalmente os exóticos. Há 10, ele cuida exclusivamente das cobras do serpentário do Passeio Público. O que inclui uma imensa jiboia, cascavéis e jararacas. Pode-se dizer que o cuidado com os animais está no sangue. Afinal, seu pai foi tratador no mesmo lugar.
Aquário
O aquário é um coreto mourisco instalado sobre uma
gruta estilo art-nouveau.
Aquário que possui 30 variedades de peixes de rios e
ornamentais da região amazônica e da África.
Lago
No Passeio, o lazer corre manso no remanso das águas
do lago, divididas entre os cisnes, as garças e os pedalinhos. Na pausa das
caminhadas, cruzando pontes e aléias ou na agitação da prosa-debate, retempera-se
o espírito dos curitibanos.
Parque Infantil
Zoológico
O Passeio Público foi o primeiro zoológico da cidade
e até meados da década de 1980, era uma das sedes do Zoológico de Curitiba,
chegando a possuir animais de grande porte, como leões e até um búfalo branco.
Atualmente sedia o departamento administrativo da entidade e expõe aves e
outros animais de pequeno porte, como cobras.
Museu Botânico
Em 1965, no local foi
fundado a primeira sede do Museu Botânico de Curitiba, ali permanecendo até
1975.
Flora
Todas as árvores do passeio são plantadas. Algumas
das mais antigas são os plátanos, que ficam na pista ao lado do Colégio
Estadual do Paraná.
Há espaço para outras mais raras, como o xaxim, que
está em extinção.
Durante o passeio, é possível observar árvores
nomeadas, como o jacarandá mimoso, essas placas indicam que a Secretaria do
Meio Ambiente está monitorando-as mais de perto.
Fauna
A fauna tem destaque, os animais são necessários,
até para atrair a atenção dos visitantes.
O passeio já foi palco de histórias curiosas, como a
da gralha azul que visitava as “irmãs” que
estavam no viveiro para se alimentar de pinhões dados por elas.
O parque ainda serve de passagem para as garças
durante o processo de migração. Normalmente, elas ficam no viveiro do pelicano,
um dos recintos mais antigos.
Outros viveiros abrigam urubus-reis, araras e
flamingos.
Há duas ilhas para os macacos.
Área:
69.285 m2
Localização: Rua Carlos Cavalcanti X Av. João Gualberto X Rua Presidente
Faria
Bairro: Centro
Ano de
Implantação: 1886
Acesso:
Gratuito
Fauna:
Sabiá, tico-tico e canário-da-terra, coleirinha, chupim, pica-pau, sanhaço,
pombo, joão-de-barro e garça branca.
Flora:
Árvores nativas e exóticas como o carvalho, o cipreste, a paineira, o
jacarandá, o plátano, o ipê-amarelo, a canela e o eucalipto.
Equipamentos
Restaurante, play-ground, aquário, terrário,
sanitários, ponte pênsil, posto da Polícia Militar, pedalinhos, pista para caminhadas,
ciclovia, bicicletário, sanitários, pista de patinação.
Telefones:
(41) 3350-9940
(41) 3350-9631
Horário de funcionamento:
Terça-feira a domingo, das 06 às 20 horas.
O Dr. José Cândido da Silva Muricy, fundador da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba e também capitão do exército brasileiro.
Dr. Muricy
O Dr. José Cândido da Silva Muricy, fundador da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba e também capitão do exército brasileiro.
Francisco Fasce Fontana
O italiano Francisco Fasce Fontana fez fortuna no Uruguai com a industrialização e o comércio de erva-mate.
No começo da década de 1880, o empresário esteve em Curitiba para cobrar uma dívida e acabou se instalando, após casar com a filha do desembargador Ermelino de Leão, nome de peso entre os ervateiros paranaenses.
Fontana marcou época com suas técnicas inovadoras para a industrialização do mate.
Quando Fontana faleceu, o jornal “A República” publicou um obituário dizendo que ele fora responsável pela iniciativa do projeto do parque e pela doação do terreno.
Em verdade, a iniciativa de se criar um parque veio de Taunay e o terreno pertencia em sua maior parte à administração municipal.
Curiosamente, o mesmo texto publicado erroneamente por “A República” foi usado em duas placas de bronze instaladas no Passeio.
O busto de Fontana que se encontra na entrada do parque é de mármore, um material mais comum em cemitérios.
Nota:
- O busto de Fontana foi retirado de seu túmulo.
Alfredo d'Escragnolle Taunay
Ocupação: Escritor,
professor, político, historiador e sociólogo
Magnum opus Inocência
Escola/tradição Romantismo/Realismo
Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay, primeiro
e único visconde de Taunay, (Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1843 — Rio de
Janeiro, 25 de janeiro de 1899) aos 55 anos, foi um nobre, escritor, músico,
professor, engenheiro militar, político, historiador e sociólogo brasileiro.
É o patrono da cadeira de número 17 da
Academia Brasileira de Música.
Família e Educação
O brasão de armas do visconde de Taunay, as mesmas
armas francesas das famílias Taunay (1.º e 4.º quartéis) e Escragnolle (2.º e
3.º quartéis).
Alfredo Taunay nasceu no Rio de Janeiro, em uma
família aristocrática de origem francesa. Seu pai, Félix Émile Taunay, 2º barão
de Taunay, era pintor, professor e diretor da Academia Imperial de Belas Artes,
e seu avô paterno, 1º barão de Taunay, foi o também conceituado pintor
Nicolas-Antoine Taunay, membro da Missão Artística Francesa. Sua mãe, Gabrielle
Herminie de Robert d'Escragnolle, era irmã do barão d'Escragnolle, filha de
Alexandre-Louis-Marie de Robert, conde d'Escragnolle, sobrinha do visconde de
Beaurepaire-Rohan e neta de Jacques Antoine Marc, conde de Beaurepaire.
Após obter seu bacharelado em literatura no Colégio
Pedro II em 1858, aos quinze anos de idade, Taunay estudou física e matemática
na Escola Militar de Aplicação, da qual se originaram a Escola Militar da Praia
Vermelha (atual Academia Militar de Agulhas Negras), a Escola Técnica do
Exército (atual Instituto Militar de Engenharia) e a Escola Central Politécnica
(atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro),
tornando-se bacharel em Matemática e Ciências Naturais em 1863.
Casou-se com Cristina
Teixeira Leite, filha do barão de Vassouras, neta do primeiro barão de
Itambé e sobrinha-neta do barão de Aiuruoca. Seu filho foi o historiador Afonso d'Escragnolle Taunay, membro da
Academia Brasileira de Letras.
Guerra do Paraguai e Carreira Política
Taunay lutou na Guerra do Paraguai como engenheiro
militar, de 1864 a 1870. Desta experiência surgiu seu livro La Retraite de
Laguna, de 1871.
Após seu retorno ao Rio de Janeiro, Taunay lecionou
na Escola Militar e iniciou simultaneamente sua carreira como político do
Segundo Império. Atingiu o posto de major em 1875.
Foi eleito para a Câmara dos Deputados pela
província de Goiás em 1872, cargo para o qual seria reeleito três anos mais
tarde.
O Conde d'Eu
(com a mão na cintura no centro a direita) e à sua esquerda, José Paranhos, futuro visconde do Rio
Branco, e entre ambos, o visconde de
Taunay, cercados por oficiais brasileiros durante a Guerra do Paraguai.
No dia 26 de abril de 1876, foi nomeado presidente
da província de Santa Catarina. Assumiu o cargo de 7 de junho de 1876 a 2 de
janeiro de 1877, quando o passou ao vice-presidente Hermínio Francisco do Espírito Santo, que presidiu a província por
apenas um dia.
Em 1 de janeiro de 1877, durante seu mandato como
presidente, ele havia inaugurado, no Largo do Palácio, atual Praça Quinze de
Novembro, o monumento aos heróis catarinenses da Guerra do Paraguai.
Inconformado com a queda do Partido Conservador,
Taunay retirou-se da vida política em 1878, deixando o país para estudar,
durante dois anos, na Europa.
Em 1881 foi eleito deputado pela província de Santa
Catarina.
Em 1885, nomeado presidente da província do Paraná.
Em Curitiba, foi um dos responsáveis pela criação do
primeiro parque da cidade, o Passeio Público, inaugurado em 2 de maio de 1886
(véspera do dia da entrega do cargo). Exerceu tal cargo até 3 de maio de 1886.
Neste ano, torna-se senador por Santa Catarina,
tendo sido escolhido de uma lista tríplice pelo Imperador em 6 de setembro de
1886, sucedendo Jesuíno Lamego da Costa.
Recebeu o título nobiliárquico de visconde de Taunay de D. Pedro II em 6 de setembro de 1889.
Com a proclamação da República naquele mesmo ano,
Taunay deixou a política para sempre.
Crítico das influências da literatura francesa,
Taunay buscava promover a arte brasileira no exterior.
No dia 21 de agosto de 1883 propõe à câmara dos
deputados a autorização de uma soma para a realização de uma sinfonia por Leopoldo Miguez em Paris, nos
Concerts-Collone. Anteriormente fora responsável pela promoção de Carlos Gomes no exterior.
- Taunay foi um autor prolífico, produzindo ficção,
sociologia, música (compondo e tocando) e história.
Na ficção, a obra Inocência é considerada pelos
críticos como seu melhor livro.
Faleceu diabético no dia 25 de janeiro de 1899.
Foi oficial da Imperial Ordem da Rosa e cavaleiro
das imperiais ordens de São Bento de Avis e de Cristo.
Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de
Letras, criou a Cadeira n.° 13, que tem como patrono Francisco Otaviano
Cenas de viagem: Exploração entre os rios Taquary e
Aquidauana no distrito: de Miranda: memoria descritiva, 1868
A Campanha
da Cordilheira
La
Retraite de Laguna, 1871 (em francês, traduzido como "A retirada da
Laguna", 1874, por Salvador de Mendonça)
Inocência,
romance, 1872 (em português, traduzido em diversas línguas)
Lágrimas
do Coração. Manuscrito de uma Mulher, romance, 1873
Histórias
brasileiras, 1874
Ouro sobre
Azul, romance, 1875
Narrativas
Militares, 1878
Estudos
críticos, 2 vols., 1881 e 1883
Amélia
Smith, drama, 1886
No
Declínio, romance, 1889
Ao
Entardecer, 1901
O
Encilhamento: cenas contemporâneas da Bolsa do Rio de Janeiro em 1890, 1891 e
1892, romance, 1ª edição 1893
Reminiscências,
memórias, 1908 (póstumo)
Inocência
Capa
da Primeira Edição de Inocência (1872)
Romance de maior expressão da carreira do autor, a
obra Inocência cativa o leitor logo nos primeiros capítulos. A narrativa possui
suas dualidades. Por um lado é suave, proporciona uma sensação curiosa. Uma
ponta de curiosidade que se instala na cabeça do leitor que estará sempre
indagando qual será o final daquela situação em que os protagonistas se
encontram. Por outro lado, o começo da obra é composto por um capítulo no qual
o autor descreve o espaço onde a narrativa será encontrada. Em tal, encontra-se
certa oposição à suavidade tão presente na história de Inocência e Cirino. Os
vocábulos encontrados nesse trecho são típicos da região de Santana do
Paranaíba.
Personagens
Inocência
- Inocência é uma jovem moça com seus 18 anos recém completados. É retratada
como bela moça de traços delicados, olhar sereno e encantadora ingenuidade.
Indefesa, fora criada pelo pai no sertão, uma vez que sua mãe morrera quando
ainda pequena.
Cirino
Ferreira dos Santos – Cirino é um farmacêutico que, após alguns tempo de
experiência, começou a se intitular doutor. Possui presença agradável, é
inteligente e decidido.
Manecão
Doca – Noite de Inocência. Sertanejo rude, mas decente. Acumulara fortuna com
seu trabalho.
Martinho
dos Santos Pereira – Pai de Inocência. Nascido em Minas gerais, Pereira é
descrito como um homem honesto e trabalhador. Ao passo que é muito
hospitaleiro, é também muito desconfiado e conservador. Tais características
podem ser atribuídas aos costumes do século XIX
Tico –
Tico é um anão mudo que, às vezes, aparecia na fazenda de Pereira. Amigo e
protetor de Inocência, gostava muito da moça e passava dias ao lado dela.
Maria
Conga – Maria Conga é a escrava da casa de Pereira. A negra cuidava de
Inocência e dos afazeres domésticos.
Guilherme
Tembel Meyer – Naturalista e alemão, Meyer é um homem comunicativo que adora a
natureza e viaja muito. Jovem, é o estereótipo europeu: cabelos e olhos claros.
José Pinho
(Juque) - Juque é ajudante, acompanhante e amigo de Meyer
Antônio
Cesário - Padrinho de Inocência, Cesário é um homem simples e honesto que vive
em uma fazenda nas Minas Gerais
Resumo
Cirino
Ferreira dos Santos é um farmacêutico que viajava pelo sertão do Império
apresentando-se às pessoas como médico. Dispunha de alguns anos de experiência
na área da medicina, não possuía, todavia, certificado daquela profissão. Ainda
assim, Cirino trabalhava naquele ramo com amor. Dedicado, ajudava os enfermos
por onde passava.
Certo
dia, quando seguia viagem por uma estrada próximo à região de Santana do
Paranaíba, Cirino encontra em seu caminho Martinho dos Santos Pereira.
Conhecido apenas pelo último nome na localidade, Pereira era um homem do
sertão, nascido em Minas Gerais e criado nos costumes conservadores do século
XIX. Embora possua comportamento autoritário, Pereira é muito hospitaleiro e,
na narrativa, sempre enfatiza que em sua casa sempre haverá lugar para uma
pessoa que precise seja de abrigo, seja de alimento. Na fazenda em que mora,
vive também sua amada e única filha, Inocência.
No
momento em que Pereira encontra Cirino, os dois passam a conversar enquanto
seguem pela mesma estrada. Nesse ínterim, o sertanejo descobre que o rapaz que
acabara de conhecer é médico. Em um átimo vem à sua mente Inocência, que há
dias está doente. Sabendo que o doutor ali pode curar sua filha, Pereira
convida Cirino à sua casa. O rapaz, a partir daí, passa a ser um hóspede na
fazenda de Pereira.
Algumas
horas após sua chegada a fazenda, Pereira leva Cirino até Inocência para que o
rapaz possa ministrar o remédio à menina. Quando Inocência é vista pela
primeira vez, fala-se que está magra e sem cor por decorrência da doença.
Entretanto, a enfermidade não impede que Cirino veja o quão bela é a jovem.
Inocência
que, na narrativa, tem seus 18 anos fora criada pelo pai na fazenda. Sua mãe,
de quem nem ao menos se lembra, morrera quando a menina ainda era muito nova. É
noiva de Manecão Doca, com quem seu pai arranjou casamento. Inocência possui
"encantadora ingenuidade, realçada pela meiguice do olhar sereno". A
pele alva combinada com o nariz fino, a boca pequena e os longos cabelos negros
contrastam na mocinha perfeitamente com a personalidade humilde, meiga,
carinhosa e apaixonada.
A
partir daí, Cirino passa a se apaixonar pela delicada sertaneja chamada
Inocência.
É
apresentado ainda, Tico, um menino anão que é mudo e vive também na região de
Santana do Paranaíba. Costuma às vezes deixar a casa de sua mãe e seguir até a
fazenda de Pereira onde passa o tempo todo grudado em Inocência. É amigo e
protetor da menina, dessa forma, faz tudo para agradar a moça.
Pouco
tempo após a chegada de Cirino à fazenda, outros viajantes chegam ao local. É
no meio da madrugada que Meyer, um naturalista alemão que procura no Brasil
novas espécies de insetos, e seu ajudante e acompanhante, Juque, conhecem
Pereira. O homem prestativo e hospitaleiro abre sua casa aos desconhecidos,
abrigando-os pela noite. Logo Pereira descobre que seu irmão, Chiquinho, com
quem há muito não possuía contato, enviara-lhe uma carta por Meyer que
coincidentemente encontrara o destinatário. Na carta Chiquinho recomenda
fielmente Meyer, afirmando ser um homem honesto em quem Pereira poderia
confiar. Assim, este convida aquele para ser também seu hóspede pelo tempo que
lhe achar conveniente. Quando Meyer conhece Inocência e não para de falar pelos
cantos sobre a beleza da jovem, Pereira passa a ficar desconfiado do rapaz,
chegando a pedir a Tico que vigie sempre o alemão.
À
medida que as desconfianças de Pereira concentram-se em Meyer, Cirino ganha
cada vez mais a confiança de Pereira. O doutor, que há semanas não via
Inocência uma vez que a moça já estava curada, passa a ter mais liberdade para
explorar a propriedade e ter contato com a jovem de seus sonhos.
Em
certa noite, Cirino caminhava pelos laranjais, e ao passar perto do quarto de
Inocência vê que ela estava ali, acordada também. Ao aproximar-se dela, os dois
passam a trocar algumas palavras e Cirino acaba por declarar seu amor à moça.
"Você que é uma mulher como nunca vi! Seus olhos me queimaram, sinto fogo
dentro de mim... já não vivo. Só quero vê-la, amá-la". Inocência então
confessa que se sente da mesma forma em relação a ele. Ambos estão perdida e
irremediavelmente apaixonados.
Pereira
passa a estar cada dia mais desconfiado de Meyer. Este, durante suas
explorações nas terras próximas ao local em que estava hospedado, encontrou uma
nova espécie de borboleta. A esta deu o nome de Papilio Innocentia em homenagem
a tão bela filha de Pereira. Logo após a sua descoberta, Meyer decide voltar
para a estrada na intenção de encontrar mais espécies novas e levá-las à
Sociedade Geral Entomológica.
Durante
esse tempo que seu pai estava preocupado em mantê-la longe de Meyer, Inocência
encontrava-se às escondidas com Cirino, mais uma vez, no laranjal. O casal
apaixonado tentava encontrar formas de ficarem juntos, de saírem daquela vida
camuflada, de serem feliz para sempre juntos. Infelizmente o noivo e o pai de
Inocência impediam tal evento.
Cirino
chamara Inocência para que juntos fugissem em meio à madrugada. A moça, sendo
boa e fiel ao pai amado, não aceita. Lembra-se então da única pessoa em quem
ela acredita poder dissuadir os pensamentos de Pereira, de fazer com que ele
esqueça seu casamento arranjado com Manecão e deixá-la ser feliz com seu
verdadeiro amor. Essa pessoa é seu padrinho, Antônio Cesário. Ela conta a Cirino que ele mora em Minas
Gerais, não tão distante da fazendo de seu pai. Cirino, apaixonado e desesperado,
decide partir em viagem para ainda tentar salvar a vida de sua amada e a sua de
uma morte iminente.
Na
manhã seguinte Cirino parte para o local indicado por Inocência para encontrar
o padrinho da menina. E então, inexplicavelmente, Manecão, noivo de Inocência
que só havia sido citado por toda a obra, aparece para se casar com a menina.
Quando vê o noivo, Inocência passa a agir anormalmente. Pereira, então, começa
a desconfiar de algo. Quando questiona a menina sobre o porquê de ela não
querer se aproximar daquele homem que será seu marido, ela começa a implora ao
pai que não a case, afirma veementemente que não quer se casar com Manecão.
Pereira, furioso, deixa o quarto da filha, não sem antes lembrá-la que a
vontade dele será feita, e ela será uma mulher casada em poucas semanas.
Cirino,
por sua vez, não está tendo mais sorte que a flor do sertão. Hospeda-se na casa
de Cesário, e passa, aos poucos, a conquistar a confiança do homem. Uma dia diz
a ele que gostaria de tratar de um assunto sério. Quando eles se encontram mais
tarde para isso, Cirino revela que conhece Inocência, e que é perdidamente
apaixonado por ela. Ele pede insistentemente que Cesário o ajude a persuadir
Pereira. Inicialmente o homem fica chocado, mas as justificativas de Cirino faz
com que fique balanceado. No fim, fica acordado que Cirino voltará ao sertão do
Paranaíba e esperará por Cesário lá até que ele decida se ajudará Cirino e
Inocência ou não.
De
volta à fazenda de Pereira, este, revoltado com as atitudes de sua filha,
esbraveja que aquele comportamento era decorrente de Meyer. Ele afirma que as
atitudes do rapaz modificaram os pensamentos de sua menina. Tico, que estava
ouvindo a conversa quando passava pelo quintal, tenta explicar, à sua maneira,
que, na verdade, o culpado era Cirino, o rapaz em quem Pereira confiou. Isso
porque Tico, sorrateiro, havia descoberto sobre o romance de Inocência com
aquele que se chamava médico.
Pereira
fica enfurecido ao descobrir que deu sua confiança àquele que, em seu
pensamento, menos a mereceu. Manecão, também enraivecido, decide agir pela
honra de seu nome e matar Cirino. Deixa, rapidamente a propriedade de Pereira e
parte a caça de amante de sua noiva.
Cirino
passou dias no povoado de Santana de Paranaíba esperando por Cesário e se
esquivando de Manecão. O fato era que o rapaz estava começando a se desesperar,
à medida que o prazo de acordo com o padrinho de Inocência se esgotava. No
último dia deste, Cirino deixou o povoado e seguiu pelo rio Paranaíba abaixo.
Já havia decidido: se Cesário não aparecesse, matar-se-ia.
Distraído
pela preocupação, Cirino não percebeu que Manecão se aproximava. Este, sedento
por vingança, atirou logo contra Cirino, que caiu agonizante no chão.
A
alguns metros vinha um homem na estrada. Era ele Antônio Cesário. Quando
percebeu que aquele ferido na estrada era Cirino, o sertanejo tentou ajudá-lo
de alguma forma. Entretanto, não havia mais nada a ser feito. Como últimos
pedidos, o doutor pediu a Cesário que honrasse algumas de suas dívidas, que
rezasse por ele e que dissesse à Inocência que ele a amava. E foi assim que
morreu, com um último suspiro saindo de seus lábios. Era esse o nome de sua
amada.
Inocência
não tardou a entregar seu corpo terra. Morreu de desgosto algum tempo após a
morte daquele que amou.
Recepção Crítica
Geral
Para compreender o espaço que Taunay tem no campo
literário, foram encontradas críticas favoráveis ou não às suas produções e a
ele em específico. Em uma época na qual o esforço de imaginação era visto como
algo negativo, pois indicava que o escritor não presenciou o que escreve e, de
seu gabinete, descreve uma realidade que não conhece verdadeiramente, Taunay
era louvado por escrever com estilo natural, já que suas narrativas baseavam-se
em suas experiências no exército e em suas viagens pelo território do país.
O que José Veríssimo,
importante crítico literário do fim do século XIX e início do século XX,
ressalta, no entanto, é que tal propriedade narrativa não se repetiria na obra
do autor, que apesar de vasta e considerável, não é comparável a obra prima que
foi Inocência.
“O
visconde de Taunay (Sylvio Dinarte) é uma das grandes figuras do Brazil. Vindo
de uma familia nobre francesa, elle recebeu uma educação esthetica brilhante.
Depois de ter servido como official na guerra do Paraguay, na qual elle se
distinguiu por sua coragem, elle escreveu, em francez, A retirada da Laguna,
episodio vibrante de bravura, no qual um punhado de heróes se bate com inimigos
dez vezes superiores em numero, enquanto a peste os dizima. É um relato epico
que conjuga a beleza do estylo com uma boa composição. Seus romances e novelas,
e entre elles Innocencia, foram traduzidos para varias lingoas. Innocencia é um
idylio campestre suave, ingenuo, pitoresco, charmoso. A mocidade de Trajano,
Ouro sobre azul, Lagrimas do coração são novelas graciosas. Ceos e terras do
Brazil (Sites et Terres), um dos livros mais modernos de Sylvio Dinarte, é
admiravel pela eloquencia do pensamento e pela sedução da fórma, que se
apropria das descripções das scenas magestosas da flora nacional e americana.
Esta ultima obra rendeu a seu author os elogios os mais lisonjeiros.”
(Retirado do Periódico “La Revue des Revues”, publicado em 1897)
Taunay era reconhecido e elogiado não só no Brasil.
Somam-se à essas críticas, diversos comentários feitos junto ao anúncio de
algumas de suas obras (na grande maioria Inocência) nos jornais brasileiros,
franceses e ingleses, além de catálogos de algumas livrarias nacionais.
Com isso, percebe-se que Taunay circulava bastante,
inclusive em folhetins a partir de seus livros, e era bem acolhido pela crítica
do século XIX.
A crítica literária moderna, presentada aqui pelos
autores Massaud Moisés, Alfredo Bosi, Antônio Amora e Antônio Cândido, elogia
como no século XIX:
“Nada há que supere Inocência em
simplicidade e bom gosto” (BOSI, 1994, p. 145)
“A popularidade do livro talvez se
deva à autenticidade do caráter sentimental e sensível da heroína, pivô de um
tocante drama amoroso em maio à uma natureza luxuriante descrita com vida e
certa objetividade.” (MOISÉS, 2001; p. 413)
Estudes crescentes sobre Taunay concentram-se nas
universidades paulistas UNICAMP e UNESP, assim como trabalhos podem ser
encontrados nos estados do Centro-Oeste brasileiro, Minas Gerais e Rio Grande
do Norte.
A doutora em Teoria Literária pela UNICAMP e
professora da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP de Assis, Maria Lídia
Lichtscheidl Maretti, resgata em seu livro um pouco da história de Taunay,
usando como definição algo que Verríssimo diz do autor: Taunay era um
polígrafo.
Inocência
A obra-prima de Taunay reunia tudo que se apreciava
no século XIX: bom enredo, verossimilhança, uma dose de moral e descrição
através de real observação. Tais valores eram reconhecidos dentro e fora do
Brasil, tanto que, segundo várias fontes da época, Inocência foi o romance brasileiro
mais vezes traduzido, perdendo, em literatura da língua portuguesa, apenas para
Os Lusíadas, de Camões.
Inocência foi traduzida nos seguintes idiomas:
Inglês:
1889
Italiano:
1893
Dinamarquês: 1894
Francês:
1896
Sueco:
1896
Japonês: 1897
Alemão:
1901
Espanhol:
1906
Flamengo:
1912
Crota:
1925
Polonês: -
O sucesso de Inocência foi logo reconhecido, tanto
que, em vida, seu autor viu serem produzidas quatro edições do romance em pouco
mais de vinte e cinco anos.
Referências
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Público, o mais valorizado – Gazeta do Povo». Consultado em 17 de maio de 2010
Wikipédia, a enciclopédia livre
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Curitiba de musas e símbolos Portal GRPCOM (Gazeta
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Cidades / Notícias - Parque do Passeio Público ganha
réplica de balão Site parana-online: Curitiba - acessado em 29 de junho de 2010
Vida e Cidadania - História - Balão Granada pousou
em cima da Catedral Jornal Gazeto do Povo: Curitiba - acessado em 29 de junho
de 2010
MAZZA, Luiz Geraldo. Bicho, ficcção e fricção.
Revista Ideias, fev. 2014, p. 27
Luiz Geraldo. O búfalo da madrugada Revista Ideias,
jun. 2011
O pedalinho do Raulzito Jornal Gazeta do Povo abril
de 2013
Curitiba decreta luto pela morte de Gerdt
Hatschbach, fundador do Museu Botânico Portal de Notícias Bem Paraná - 16 de
abril de 2013
PATRIMÔNIO CULTURAL. Portão do Passeio Público.
Disponível em <http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/>.
"O Verde na Metrópole: a evolução das praças e
jardins em Curitiba 1885-1916", de Aparecida Vaz da Silva Bahls.
Dissertação apresentada para o Mestrado em História da UFPR, em 1998. Disponível
aqui para consulta.
Os jornais pesquisados foram: Correio de Notícia,
Diário do Paraná, Diário Popular, Folha de Londrina, Gazeta do Povo, Hora H,
Indústria e Comércio, Jornal do Estado e O Estado do Paraná.
Os jornais pesquisados foram: Correio de Notícia,
Diário do Paraná, Diário Popular, Folha de Londrina, Gazeta do Povo, Hora H,
Indústria e Comércio, Jornal do Estado e O Estado do Paraná.
A origem do Passeio Público (127 anos de história),
Gazeta do Povo, por João Cândido Martins
Bibliografia
LIMA,
Dinarte G. de. Guia Turístico de Curitiba e do Paraná de 1987. Curitiba; Ed.
Mapas e Guias, 1987. 168p
ANDRADE,
Luis Carlos R. de. Conheça Curitiba. Curitiba, ed. Estética, 1997. 116p
SGANZERLA,
Eduardo, RODRIGUES, Júlio C. Curitiba. Curitiba: P.M.C., 1996. 310p
HOERNER
Jr, Valério. Ruas e Histórias de Curitiba, 2° edição. Curitiba: Artes &
Textos, 2002. 183p
FENIANOS,
Eduardo Emílio. Centro, Aqui Nasceu Kúr`ýt`ýba: Coleção Bairros de Curitiba,
vol.4. Curitiba: Ed. UniverCidade, 1996. 100p
Taunay
Referências
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Alfredo d'Escragnolle Taunay Acessado em 26 de março de 2016
Constantino, Núncia Santoro de. Relatos de viagem
como fontes à história. EDIPUCRS, 2012, p. 111
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Nacional e a História Luso-Brasileira.
Claudius Gomes de Aragão Viana. Realengo e a Escola
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Editorial: Edição nº 2, ano I. PPHPBC/Cpdoc/FGV, Rio de Janeiro/RJ. (acesso em
24/06/2013)
Rede da Memória Virtual Brasileira. Biografia sobre
"André Rebouças (1838-1898)". Sítio da Biblioteca Nacional. (acesso
em 24/06/2013)
ANDRADE, Luis Carlos R. de. Conheça Curitiba. Curitiba,
ed. Estética, 1997. 116p
Inocência:
Análise do livro de Visconde de Taunay, por Oscar D'Ambrosio
Externas
Perfil no
sítio oficial da Academia Brasileira de Letras (em português)
Biografia
detalhada
Relatório
com que ao exmo. sr. dr. Hermínio Francisco do Espírito Santo, 1º
vice-presidente, passou a administração da província de Santa Catarina o dr.
Alfredo d'Escragnolle Taunay em 2 de janeiro de 1877
Exposição
com que s. ex. o sr. dr. Alfredo d'Escragnolle Taunay passou a administração da
província do Paraná ao exmo. sr. dr. Joaquim de Almeida Faria Sobrinho, 1º
vice-presidente, a 3 de maio de 1886
Obras do
Visconde de Taunay na Biblioteca Digital Curt Nimuendaju
Inocência
e Recepção Crítica são retirados do trabalho de graduação de estudantes da
UNICAMP
BOSI,
Alfredo. História Consisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994,
p.144-145
MARETTI,
Maria Lídia Lichtscheidtl. O Visconde de Taunay e os fios da memória. São Paulo:
EdUNESP, 2006
MOISÉS,
Massaud. Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2001,
p. 413 - 414
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